O sonho de viver legalmente nos Estados Unidos por meio do visto EB-2 NIW tem se transformado em frustração para muitos brasileiros. Apesar de cumprirem todos os critérios técnicos estabelecidos pelo programa — como formação acadêmica avançada, experiência profissional sólida e contribuições relevantes para o país — diversos candidatos estão recebendo negativas inesperadas por parte do USCIS, órgão responsável pela imigração americana. O que mais preocupa é que, mesmo com dossiês bem fundamentados, os pedidos estão sendo rejeitados com justificativas consideradas arbitrárias e inconsistentes, o que gera insegurança e revolta entre os solicitantes.
Um dos principais pontos de atenção, segundo especialistas, é o grau de subjetividade envolvido na análise dos pedidos. O advogado Douglas Carvalho, especialista em imigração e sócio da Saftec Digital, explica que “as decisões do USCIS não são tomadas por juízes, mas por oficiais administrativos que possuem ampla margem de interpretação, o que pode levar a resultados diferentes para casos muito semelhantes”. De acordo com ele, essa discricionariedade tem gerado uma série de indeferimentos incoerentes, mesmo entre candidatos altamente qualificados.
Além da insegurança jurídica, há também um problema recorrente: muitos brasileiros relatam que não foram devidamente informados sobre os riscos antes de iniciar o processo. Alguns advogados evitam detalhar a possibilidade de negativas para não perder clientes, alimentando uma falsa sensação de segurança. Douglas Carvalho alerta que “qualquer processo que envolva o EB-2 NIW deve ser tratado com máxima transparência. Não há garantia de aprovação, por mais qualificado que o candidato seja. O cliente precisa estar ciente disso desde o início”.
Casos de negativas sem fundamentos técnicos têm se multiplicado. Em algumas respostas, o USCIS chega a apresentar erros na análise, como confundir identidades ou ignorar parte da documentação apresentada. Quando a negativa chega, muitos candidatos se veem sozinhos, sem suporte dos profissionais que contrataram, e com prejuízos que ultrapassam os US$ 40 mil — valor comum considerando taxas, traduções, honorários e gastos com documentos.
O advogado reforça que “o processo EB-2 NIW é legítimo e continua sendo uma excelente porta de entrada para profissionais que desejam imigrar para os Estados Unidos, mas deve ser conduzido com seriedade e orientação responsável. Vender o visto como algo garantido é uma prática perigosa”. Segundo ele, é fundamental que o candidato busque uma segunda ou terceira opinião antes de assinar contratos e iniciar o processo.
Diante desse cenário, especialistas recomendam que interessados no visto EB-2 NIW se informem amplamente, questionem os advogados sobre as chances reais de sucesso e estejam preparados para o caráter subjetivo da análise. O green card pode ser uma realidade, mas o caminho até ele é mais complexo do que muitas vezes se divulga. Estar bem assessorado e consciente dos riscos é hoje o primeiro passo para evitar frustrações e prejuízos irreparáveis.
Autor: Dean Ribeiro