Política

Prefeitura de Linhares divulga programação da Expolinhares 2025 e anuncia retorno do rodeio

O anúncio da programação oficial para a comemoração dos 225 anos de uma das cidades mais antigas do Espírito Santo movimentou os moradores e chamou a atenção de todo o estado. A volta de um evento que atrai multidões reacendeu debates sobre o formato das atrações escolhidas para compor a festividade. A expectativa é de que o calendário reúna música, gastronomia e atividades culturais, mas o retorno de práticas questionáveis também gerou reações diversas nas redes sociais. O público aguarda com empolgação, mas parte da população levanta preocupações legítimas sobre o que realmente merece ser celebrado.

A retomada de determinadas atrações sinaliza um apelo aos antigos moldes de entretenimento popular, muitas vezes embalados pela nostalgia e pelo sentimento de identidade local. No entanto, a modernidade exige que as escolhas culturais estejam alinhadas aos valores de respeito e empatia. É justamente nesse ponto que o retorno de práticas controversas durante as festividades divide opiniões. A cidade precisa decidir se o resgate de costumes antigos justifica a perpetuação de atividades que podem gerar sofrimento a seres vivos.

Enquanto os organizadores apostam em uma festa grandiosa para atrair visitantes e fomentar a economia local, vozes contrárias pedem reflexão. A ideia de um evento que promova a tradição não precisa estar atrelada a práticas que desrespeitam a integridade de seres sencientes. A cidade tem potencial para inovar, modernizar suas atrações e ainda assim manter suas raízes culturais vivas. É possível celebrar a história sem abrir espaço para atividades que desvalorizam a vida em nome do espetáculo.

É necessário compreender que uma celebração de aniversário municipal carrega mais do que entretenimento. Ela representa os valores que a cidade deseja cultivar e transmitir às novas gerações. Quando determinadas atrações são incluídas, a mensagem enviada precisa ser cuidadosamente avaliada. O que se promove em praça pública influencia diretamente na formação cultural e moral dos jovens e reforça comportamentos que podem não corresponder aos princípios de uma sociedade mais consciente e ética.

O investimento público em eventos deve estar sempre acompanhado de responsabilidade e análise crítica. Se por um lado há retorno financeiro e turístico, por outro, existe o dever de garantir que essas ações estejam em consonância com a preservação dos direitos fundamentais. O entretenimento não pode se sobrepor ao bem-estar coletivo, nem ignorar a crescente preocupação global com temas como proteção animal, sustentabilidade e desenvolvimento humano respeitoso. A escolha do que se promove diz muito sobre quem somos.

A tradição deve ser compreendida como uma construção social em constante transformação, e não como algo imutável. Há inúmeras formas de exaltar a cultura local sem recorrer a atividades que, embora populares em outros tempos, hoje geram polêmica e desaprovação de boa parte da sociedade. O desafio é atualizar o olhar sobre o que significa celebrar com orgulho a identidade de um povo. E isso exige coragem para mudar e sensibilidade para ouvir diferentes opiniões.

A cidade tem uma chance importante de mostrar que é possível evoluir sem apagar sua memória. As festas populares podem ser inclusivas, educativas, inovadoras e ainda assim emocionantes. Basta redirecionar os investimentos para formatos que envolvam a comunidade, promovam talentos locais, incentivem o turismo de forma ética e respeitosa. O momento exige que as lideranças estejam abertas a dialogar com todos os setores e busquem alternativas que realmente unam e representem o melhor da cidade.

As comemorações em torno de uma data tão simbólica merecem ser lembradas pela harmonia e pelo orgulho coletivo. Para isso, é essencial que a construção do evento reflita os valores de respeito, empatia e responsabilidade social. O resgate cultural deve ser acompanhado por uma visão moderna que priorize o bem-estar de todos, inclusive dos que não têm voz. O futuro da cidade passa também pelas escolhas que ela faz em momentos como esse, quando pode decidir entre o espetáculo pelo espetáculo ou o verdadeiro progresso.

Autor : Dean Ribeiro

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